terça-feira, 5 de maio de 2009

Ilusões da opinião pública

A respeito da discussão em torno do jornalismo construir e reconstruir a cada dia a opinião pública, acredito que devamos considerar dois pontos importantes:
Primeiramente, sabemos que a opinião pública, nos moldes como se dá hoje, depende dos meios de comunicação para se legitimar.
O segundo ponto é que como empresas privadas que são, os veículos de comunicação se “vendem” como formadores de opinião e emitem opiniões privadas que são legitimadas e divulgadas como públicas.
Se a imprensa, portanto, interpreta a realidade dos fatos e acontecimentos colocados à sua frente, e para isso se utiliza de recortes dessa realidade – e ainda de diferentes pontos de vistas possíveis – ela pode muito bem desconstruir contextos originais para então construir outros novos.
Como então garantir que o jornalismo, exercido no âmbito de uma empresa privada que visa ao lucro e que está sob relações de poder e hierarquia, não seja um alimentador de ilusões criadas para legitimar e fortalecer a opinião do público e não a opinião pública de fato?
Trata-se de um antigo problema ético, mas que é presente e visível cotidianamente. Quem de fato no Brasil estava se sentindo ameaçado pelo vírus da gripe suína antes do bombardeio de especulações feito na última semana? Jornais diziam que a população estava preocupada, que o Brasil está assustado com a possibilidade do vírus chegar ao país. Basta se ater ao tom aplicado pelo Jornal Nacional do dia 27/04 ao tratar do assunto: “Especialista tira dúvidas sobre a gripe suína”.
De fato se fazia importante os esclarecimentos sobre a possível pandemia da gripe, mas totalmente desnecessário e prejudicial o tom alarmante dos noticiários.
É importante para a imprensa garantir o papel de formadora de opinião pública, e como mediadora da sociedade ela assume assim um enorme poder, tanto em relação à política quanto em relação à sociedade.
Bastou a denúncia dos jornais de que passageiros de vôos vindos do México e dos EUA não estavam recebendo orientação adequada ao desembarcar no Brasil, para que no dia seguinte, técnicos da Anvisa fossem colocados de plantão nos aeroportos do país.
Mais uma vez podemos aqui questionar como as leis de mercado ditam as formas de mediação social, as relações entre público e privado, as formas de veiculação ou não de uma informação, enfim, até que ponto a mídia funciona como órgão regulador da sociedade.

Um comentário:

  1. Olá! Infelizmente, não pude assistir a última aula do Dimas, mas imagino que a discussão tenha sido interessante. Mas vou dar a minha opinião, não acredito em opinião pública, quando está é transmitida ou interpretada por instituições privadas, que possuem fins lucrativos, mesmo que digam o contrário.

    Obs: O Blog poder em preto e branco, mudou de enredeço. Vocês podem por favor, atualizar no blog de vocês?

    http:\\poderempeb.wordpress.com

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